Instabilidade pode provocar perda de US$ 100 bi em investimentos

Revista Brasil Energia | OTC Brasil 2025

Instabilidade pode provocar perda de US$ 100 bi em investimentos

A falta de previsibilidade regulatória e fiscal poderá travar projetos e o desenvolvimento do setor, alertaram executivos da S&P Global, Rystad Energy, Shell e ANP em painéis na OTC Brasil 2025

Por Fernanda Legey

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Painel em que participou Bob Fryklund, da S&P Global. Estava presente também o CEO da Brava Energia, Décio Oddone (Foto: Acervo pessoal)

O Brasil poderá perder um potencial de mais de US$ 100 bilhões em investimento e comprometer a segurança energética futura devido à instabilidade fiscal e regulatória. Esse cenário foi traçado pelo estrategista-chefe da S&P Global Commodity Insights, Bob Fryklund, na terça-feira (28),  no painel “Energy Forecasting and the Oil Industry: A Strategic Outlook”, durante a Offshore Technology Conference (OTC) Brasil 2025.

Em sua fala, Fryklund destacou que no curto prazo há um superávit de barris, mas no longo prazo a previsão é de que após 2035 tenha um risco de escassez. Diante disso, ele aponta que a América Latina, guiada por Brasil e Guiana, serão "a região número um no mundo em adição de novos barris para os próximos cinco anos".

O potencial brasileiro para capturar essa demanda foi o foco do presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa. Ele afirmou que, se a exploração de petróleo não for revitalizada, há um "sério risco de perder um contexto de investimentos que indicam para um potencial de mais de 100 bilhões de dólares". O executivo lembrou que o Brasil oferece uma "vantagem dupla": custo competitivo e produção com baixa intensidade de carbono.

No entanto, os especialistas presentes no painel "Managing Above Ground Risks in Offshore Oil & Gas Through the Energy Transition" apotaram a instabilidade como a maior ameaça. "Mudanças frequentes em regimes de concessão e tributos travam novos projetos. Um projeto de exploração precisa ter estabilidade jurídica, ambiental e regulatória. Sem isso, não funciona", alertou Marcelo De Assis, sócio da MA2 Energy.

Já o vice-presidente sênior e head da América Latina da Rystad Energy, Daniel Leppert, afirmou que para ter um sistema energético seguro, "é preciso garantir novas descobertas e continuar explorando de forma responsável". A visão foi compartilhada pelo diretor da ANP, Pietro Mendes, que destacou que, "mesmo com os avanços em biocombustíveis e eletrificação, não podemos abrir mão da atividade exploratória".

A necessidade de um ambiente de negócios favorável também se estendeu às discussões sobre gás natural. Em painel sobre as oportunidades na Argentina, Martin Kaindl, do Instituto Argentino de Petróleo e Gás (IAPG), destacou o potencial de Vaca Muerta e definiu o Brasil como "o parceiro ideal" e "o mais importante" mercado para o gás do país, reforçando a tese da integração energética regional.

 

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