Geração térmica de maio a outubro foi a maior desde a crise de 21
Revista Brasil Energia | Termelétricas e Segurança Energética
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Geração térmica de maio a outubro foi a maior desde a crise de 21
Fonte contribuiu com 10.849 MWmed para o suprimento do SIN no período de seca mais intensa, equivalentes a 13,87% da carga total do sistema
O reforço das termelétricas para fechar o balanço energético nacional no intervalo mais agudo do período seco, que vai de maio a outubro, foi o maior desde a crise hídrica de 2021, quando a geração térmica no período bateu todos os recordes, alcançando 17.694 MWmed, segundo os dados históricos da operação do ONS. Este ano a geração térmica entregou 10.849 MWmed no mesmo período.
A diferença deste ano em relação aos 10.414 MWmed dos mesmos seis meses do ano passado foi de 4,2%, indicando que desde então a redução persistente das afluências aos reservatórios das hidrelétricas vem levando o operador a mobilizar a capacidade térmica disponível para assegurar o abastecimento e, ao mesmo tempo, permitir o máximo de preservação da energia mais barata armazenada.
Os dados do ONS mostram que após a crise de 2021, quando as térmicas chegaram a gerar 19.371 MWmed em agosto, fechando o ano em 14.921 de média, os dois fartos períodos chuvosos de 2022 e 2023 permitiram fechar as caldeiras de grande parte do parque térmico do país.
Naqueles dois anos, o reforço das térmicas de maio a outubro ficou em 8.284 e 8.019 MWmed, respectivamente, menos da metade da média de 2021. Em relação à média dos seis meses de seca mais aguda de 2023, a geração térmica no mesmo período deste ano foi 35,3% maior. No ano, até outubro, a contribuição das térmicas fechou em 9.785 MWmed.
Basicamente, as termelétricas, descontadas as características de maior ou menor flexibilidade de cada uma, funcionam para complementar a geração das fontes renováveis ou mais baratas e para suprir os sistemas isolados das regiões do país ainda não totalmente abastecidas pelo Sistema Interligado. A intensidade do seu uso precisa também ser medida em relação à carga média de energia do período.
Sob este ponto de vista, por exemplo, a geração térmica na crise hídrica de 2014/2015, embora em números absolutos tenha sido menor do que a registrada no período em análise neste texto (maio a outubro) do que a de 2021, proporcionalmente à carga, foi maior. De maio a outubro de 2014, a geração térmica foi de 16.103 MWmed, para uma carga de 59.805 MWmed no período, o que representou uma proporção de 26,92%.
Em 2015 a geração térmica do período cresceu 1,4%, para 16.330 MWmed, a segunda maior da série histórica até agora. Naquele ano, a carga média de maio a outubro foi de 62.766,8 MWmed, o que significa que a geração térmica contribuiu proporcionalmente com menos energia, totalizando 26,02%.
Na comparação proporcional à carga, os 17.694 MWmed de geração térmicas computados nos seis meses em análise de 2021 ficam em segundo lugar, com 26,09% da carga média do período que foi de 67.814,5 MWmed. Este ano, os 10.819 MWmed de contribuição térmica apurados de maio a outubro representaram 13,87% da carga média de 77.995,5 MWmed do período.

UTE GNA II, maior termelétrica do Brasil atualmente, já liderou a produção térmica por usinas do período de maio a outubro, gerando 922,6 MWmed (Foto: Divulgação/GNA)
Quando medida em termos anuais, a geração termelétrica deste ano ficou em 9.785 MWmed até outubro, devendo também ser a segunda colocada desde 2021, quando o total alcançou 14.921 MWmed. No ano passado as térmicas produziram 8.429 MWmed e em 2022 e 2023, geraram, respectivamente, 7.499 e 7.001 MWmed. Nos anos completos das crises hídricas de 2014 e 2015, a geração total das térmicas somou 15.878 e 15.869, respectivamente.
Caçula, GNA II gerou mais
Embora inaugurada oficialmente no final de julho deste ano, a UTE GNA II, maior termelétrica do Brasil atualmente, já liderou a produção térmica por usinas do período de maio a outubro. Os dados do ONS mostram que em maio ela já operava, tendo gerado 440 MWmed no mês.
No período em análise, a usina, localizada no Porto do Açu, município de São João da Barra (RJ), gerou 922,6 MWmed, quase o dobro da segunda colocada no período que foi a UTE Mauá III, com 487 MWmed. O pico diário de geração da usina, pertencente à Gás Natural do Açu (GNA), até agora foi 1.678 MWmed no dia 20 de julho, oito dias antes da sua inauguração oficial.
A GNA II, com 1.700 MW de capacidade, movida a gás natural, faz parte de um complexo de geração que conta também com a GNA I, de 1.300 MW, formando o atual maior complexo termelétrico do país. Por contrato, segundo informação da empresa, ela opera com inflexibilidade de 100% de julho a novembro, funcionando como acontece o ano todo com as usinas termonucleares.
Já a UTE GNA I, que opera segundo a demanda do Operador, gerou no período somente 6,83 MWmed, sendo 26 em maio e 15 MWmed em junho, ficando com geração zero a partir do dia 03/06, após ter produzido 450 MWmed no dia anterior.
A UTE Mauá III, segunda colocada na produção térmica dos seis meses mais críticos do período seco, possui 591 MW de capacidade instalada. A usina entrou em operação em janeiro de 2019 e é movida a gás natural, sendo parte do abastecimento da Região Metropolitana de Manaus.
No ano passado seu controle passou da Axia (ex-Eletrobras) para a Âmbar Energia, do grupo J&F. O pico de geração da usina no período foi de 565 MWmed, no dia 08 de outubro. Seu acionamento é por ordem de mérito.
A terceira térmica mais demandada de maio a outubro deste ano, segundo os números históricos do ONS foi a UTE Maranhão III, com uma geração de 409 MWmed. A usina pertence à Eneva e está localizada no chamado Complexo Parnaíba, no município de Santo Antônio do Lopes, Maranhão, formado por seis térmicas a gás, totalizando cerca de 1,9 MW de capacidade. Parte da usina opera por inflexibilidade contratual.

UTE do Atlântico, quinta maior contribuição, aproveita os gases gerados no processo siderúrgico da sua controladora, a Ternium, gerou 313,6 MWmed (Foto: Divulgação/Ternium)
O quarto lugar entre as contribuições térmicas para a segurança energética do período foi da UTE Marlim Azul, com 328,8 MWmed, segundo os números do ONS. Inaugurada em novembro de 2023, a usina pertence às Arke Energia, uma joint-venture formada pelo Pátria Investimentos, a Shell e a Mitsubishi Power. Marlim Azul também é parcialmente inflexível. Marlim Azul fica em Macaé (RJ) e foi a primeira UTE a operar 100% com gás natural do pré-sal.
A quinta usina que mais forneceu energia térmica nos seis meses encerrados em outubro foi a UTE do Atlântico, com 313,6 MWmed. A usina está localizada no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro, dentro do complexo siderúrgico da Ternium Brasil e tem capacidade de 490 MW. Parte da geração abastece a siderúrgica e o restante é disponibilizado para o SIN.
A UTE do Atlântico opera aproveitando como combustível os gases gerados no processo siderúrgico da sua controladora e é também parcialmente inflexível.
Completam o grupo das dez maiores geradoras do período seco mais agudo deste ano as UTEs Termorio, da Petrobras (1.036 MW de capacidade), com 292 MWmed; a UTE Candiota III, de 350 MW, da Âmbar Energia, com 265 MWmed; a UTE Baixada Fluminense, de 530 MW, também pertencente à Petrobras, com 263,8 MWmed; a UTE Pampa Sul (Banco Pactual), de 345 MW, com 261 MWmed; e a UTE Jorge Lacerda C (Diamante Energia), de 363 MW de capacidade que gerou 259 MWmed no período.
As usinas Termorio e Baixada Fluminense funcionam a gás natural e as outras três são movidas a carvão mineral. Candiota III e Pampa Sul ficam no Rio Grande do Sul e Jorge Lacerda C é parte do Complexo Jorge Lacerda, de 857 MW, composto por três usinas, no município de Capivari de Baixo, Santa Catarina.
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