
Revista Brasil Energia | Termelétricas e Segurança Energética
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O mapa das termelétricas pelo Brasil
O estado do Rio de Janeiro é o maior gerador e usa principalmente o gás como fonte. São Paulo vem atrás e a biomassa alimenta 72% de sua geração térmica. Neste artigo, veja como se distribuem as mais de 3.000 termelétricas do país em todas as cinco regiões

O Rio de Janeiro acaba de saltar à frente de São Paulo na capacidade de geração de energia termelétrica no Brasil. A entrada em operação no final de maio da GNA II no Porto do Açu, no município fluminense de São João da Barra, com capacidade instalada de 1,7 GW, destronou do ranking o estado vizinho. São Paulo tem 937 UHE, quase seis vezes mais do que as 157 existentes no estado do Rio de Janeiro. No entanto, ainda assim, o RJ tem maior capacidade instalada. Na conta não entram as duas UTNs de Angra 1 e Angra 2, com capacidade somada de 2 GW, que a Aneel classifica em separado.
A grande diferença entre Rio de Janeiro e São Paulo está no perfil de suas economias. Enquanto o Rio de Janeiro utiliza combustível fóssil em 150 de suas 157 usinas, principalmente a gás, devido à força da indústria de petróleo e gás na região, São Paulo gera majoritariamente termeletricidade a partir da biomassa. Das 937 usinas térmicas no estado, 698 são movidas a combustível fóssil, que juntas produzem 2,7 GW. As outras 239 usinas térmicas são a biomassa, movidas basicamente a resíduos de cana e florestais, que geram 7 GW, mais de 2,5 vezes a produção das fósseis.
No geral, as usinas termelétricas estão espalhadas pelo Brasil todo, nos 26 estados e no Distrito Federal. Pelo acompanhamento da Aneel, dos dez estados com maior número de usinas térmicas, três são do Sudeste, três do Sul, dois do Norte, um do Nordeste e um do Centro-Oeste. E a região Sudeste tem mais térmicas do que todas as outras quatro regiões juntas. São 1.574 usinas nos quatro estados do Sudeste, enquanto nas demais regiões, ou nos 22 estados restantes e mais o Distrito Federal, são 1.460 termelétricas.
Essas quase 1.600 usinas do Sudeste têm capacidade para produzir 23,8 GW, contribuindo para a segurança energética do sistema elétrico brasileiro. Com uma geração pouco inferior à metade disso, com 11,2 GW, aparece o Nordeste e seus nove estados. São 380 usinas térmicas na região, boa parte consumidoras de óleo diesel. Somando óleo e gás, são 312 empreendimentos que produzem 9,5 GW. A maior dessas usinas é Porto Sergipe I, movida a gás natural. Os outros 68 negócios (18%) são a biomassa, grande parte movida a bagaço de cana, e uma pequena parte a resíduos florestais e urbanos, gerando 1,7 GW.
Usina Termelétrica Mário Covas, conhecida como UTE de Cuiabá, tem 480 MW de capacidade e é controlada pela Âmbar Energia, uma das empresas do Grupo J&F (Foto: Divulgação/Ambar)
Em seguida vem o Centro-Oeste, com capacidade instalada de 6,1 GW em 259 empreendimentos. Na região, a produção térmica usa principalmente biomassa de resíduos de cana e florestais. São 109 UTEs (41% do total), que juntas têm capacidade de 4,5 GW. As outras 153 usinas tem capacidade 1,6 GW, usam majoritariamente óleo e apenas quatro consomem gás. As duas maiores são a gás – em Cuiabá (MT) e Três Lagoas (MS). As outras três grandes são alimentadas por resíduos florestais e ficam em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, todas em Mato Grosso do Sul.
A região Sul, com 5,2 GW, possui 374 usinas, das quais 264 usam como fonte óleo combustível e disponibilizam 3,3 GW. Os dois maiores empreendimentos são movidos a gás – Uruguaiana (RS) e Araucária (PR) – seguidos por dois outros a carvão mineral, ambos em Candiota (RS). Os restantes 110 negócios são movidos a biomassa e geram 1,9 GW com a utilização de resíduos florestais, urbanos, agrícolas e de cana.
Por último aparece a região Norte, que tem 447 usinas com capacidade para produzir 3,6 GW, 3,3 GW dos quais movidos a combustíveis fósseis. São 413 usinas deste tipo. É preciso ressaltar que por ser uma região remota e isolada, muitas usinas são sistemas isolados que abastecem comunidades distantes da rede nos sete estados. Apenas 34 negócios consomem biomassa, como biodiesel e resíduos florestais. No Norte, as três maiores usinas são movidas a gás, sendo duas em Manaus (AM) e uma em Porto Velho (RO).
Para o professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília Rafael Amaral Shayani, eletricamente faz bastante sentido ter muita geração na região Sudeste do país, já que é o local também onde há a maior demanda por carga. Quanto mais próximas dos centros de carga, menores as perdas e menos demanda ao sistema integrado.
As termelétricas de Candiota (RS) – Candiota III e Pampa Sul –, com 695 MW de capacidade total e movidas a carvão, estão entre as maiores da Região Sul (Foto: Divulgação/MME)
Nem sempre, no entanto, as térmicas estão próximas aos centros de carga. Tal e qual outras opções de geração energética, como as solares e eólicas no Nordeste ou as hidrelétricas da Amazônia, algumas UTEs tem sua área de influência bastante ampliada em relação aos centros de carga próximos.
É o caso da segunda maior usina termelétrica no Brasil, a Porto Sergipe I, da Eneva, com capacidade de geração de 1,5 GW. Movida por três turbinas a gás e uma turbina a vapor, em ciclo combinado, esta usina é alimentada por GNL embarcado e futuramente poderá ser abastecida pelo gás, quando a Petrobras conseguir desenvolver os reservatórios descobertos em águas profundas sergipanas.
Porto Sergipe I está conectada por uma LT de 33 km à subestação de Jardim, em Nossa Senhora do Socorro (SE). A geração da usina pode atender 16 milhões de pessoas, 15% da demanda de energia da Região Nordeste e 8 vezes mais à de toda a população do estado onde está localizada.
No país, o grande conglomerado térmico é mesmo o Gás Natural Açu (GNA), em São João da Barra, no Rio de Janeiro. O empreendimento é composto por duas termelétricas em ciclo combinado com 3 GW de capacidade instalada. A GNA I, em operação desde 2021, e a GNA II, recém tornada operacional, têm capacidade para gerar energia para 14 milhões de residências, ou 56 milhões de consumidores se adotada a relação de 4 pessoas por residência. Ou seja, um quarto da população brasileira.
Com essa capacidade, as duas GNA garantem suprimento em caso emergencial para o consumo residencial dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. E assim como a UTE sergipana, ambas são integradas a um Terminal de GNL com capacidade de regaseificação de até 21 milhões de metros cúbicos por dia.
Termelétrica Santa Cruz, antes movida a óleo combustível, opera com gás natural desde 1987, e tem capacidade de 1 GW (Foto: Divulgação)
Em seguida entre as maiores usinas térmicas brasileiras figuram três UTEs no estado do Rio de Janeiro. São as usinas de Santa Cruz, TermoRio e Termomacaé, todas a gás. A Usina Termelétrica de Santa Cruz atualmente tem capacidade instalada de 1 GW, distribuída em duas unidades geradoras a gás. No início, essa usina foi projetada para operar utilizando óleo combustível, mas a partir de 1987 passou a utilizar o gás como fonte de energia.
Já a TermoRio tem potência outorgada de 989 MW. É a maior usina termelétrica da Petrobras e funciona com seis turbinas a gás e três a vapor em ciclo combinado. Uma LT de 13,7 km até a subestação de São José, de Furnas, em Belford Roxo (RJ), possibilita sua energia chegar ao sistema interligado (SIN).
A Termomacaé por sua vez foi a primeira usina a produzir energia a partir do gás da Bacia de Campos. Tem potência instalada de 923 MW, com 20 turbogeradores movidos a gás. É a segunda maior termelétrica da Petrobras, atrás apenas da TermoRio.
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