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Parque térmico cresce 5,2 GW até final de 2026

Grandes projetos movidos a gás natural estão na fila para se integrar ao Sistema Interligado Nacional (SIN), como Novo Tempo Barcarena, Portocém I, Azulão e Manaus I, além de diversas usinas a biomassa

Por Liana Verdini

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Prevista para operar somente em agosto, a UTE GNA II, a maior a gás natural do país, já está em plena atividade dois meses antes do previsto (Foto: Divulgação/GNA)

Até dezembro de 2026, o sistema elétrico poderá receber mais 19.960 MW de potência nova. Desse total, 26% (5.211 MW) serão provenientes de novas usinas térmicas a gás natural, óleo e biomassa. Somente este ano, estão entrando em disponibilidade mais 12 novas termelétricas, que garantirão um adicional de 2.912 MW de energia, dos quais 57% serão de uma única usina: a GNA II, antiga GNA Porto Açu III, no Rio de Janeiro, operada a gás natural.

Outra grande UTE a gás, a Novo Tempo Barcarena, no Pará, deve entrar no grid com 629 MW até o fim deste ano. As informações são do sistema Ralie de acompanhamento da expansão da oferta de geração da Aneel.

Com todo esse potencial sendo finalizado, o ONS recomendou ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) a antecipação do início do suprimento de energia pelos empreendimentos contratados no Leilão de Reserva de Capacidade na forma de potência (LRCAP) de 2021, a serem operativos a partir de agosto de 2025. A intenção da ONS é reforçar a garantia de atendimento de potência no segundo semestre deste ano depois do cancelamento do LRCAP de 2025.

Com as duas usinas em operação, o Parque Termelétrico GNA soma 3 GW, maior complexo de geração a gás da América Latina (Foto: GNA)

Apesar da recomendação e da decisão do CMSE de autorizar a antecipação do início do suprimento de energia pelas usinas novas, o Operador assegura que o cenário geral é de pleno atendimento das demandas de energia à sociedade brasileira. Mas ressalta que a partir de julho a estimativa é de redução dos níveis de armazenamento em alguns subsistemas e que a política operativa da empresa prioriza a preservação dos recursos hídricos, o que torna as usinas térmicas fundamentais para o fornecimento de energia nesse contexto.

A antecipação da produção solicitada pelo ONS e CMSE já começa a acontecer. Prevista para iniciar a operação comercial somente em agosto, a UTE GNA II, da Gás Natural Açu, a maior usina a gás natural do país, já está em plena atividade dois meses antes do previsto. Suas quatro unidades geradoras, que somam 1.673 MW de capacidade instalada, demandaram investimentos de R$ 7 bilhões para viabilizar a segunda usina termelétrica no Porto do Açu, em São João da Barra no Rio de Janeiro. No local já funciona, desde 2021, a UTE GNA I, de 1,3 GW.

Assim como a UTE GNA I, a UTE GNA II funciona em ciclo combinado com três turbinas a gás e uma turbina a vapor, todas da Siemens Energy. A subestação da UTE GNA II se conecta ao SIN por meio de uma linha de transmissão de 500 kV.

As térmicas de Porto do Açu somam 3 GW de capacidade instalada, consolidando a posição da GNA como maior complexo de geração a gás natural da América Latina, interligadas a um terminal de Regaseificação de GNL de uso privado de 21 milhões m3/dia. Dessa forma, a produção de energia desse complexo é suficiente para atender cerca de 14 milhões de residências.

De acordo com o CEO da GNA, Emmanuel Delfosse (foto), em conversa com a Brasil Energia, o plano agora é avançar na construção de um hub de gás e energia com novas usinas e conexão à malha de gás. Ele conta que estão previstos investimentos totais na ordem de US$ 2 bilhões. A intenção é expandir a capacidade de geração termelétrica chegando a 6,4 GW de capacidade instalada, com o desenvolvimento de novas usinas. Segundo Delfosse, a GNA já possui licença ambiental para 3,4 GW adicionais no Porto do Açu.

Além da GNA II, outra usina de grande porte prevista para entrar em operação ainda este ano é a Novo Tempo Barcarena. A termelétrica a gás natural, produzido no terminal de GNL de Barcarena, terá uma turbina a gás com capacidade instalada de 629 MW. A construção da usina também inclui uma linha de transmissão de aproximadamente cinco quilômetros para ligar a UTE ao SIN.

Essa usina faz parte do Complexo Termelétrico Barcarena, empreendimento do grupo New Fortress Energy que cria um polo de importação, armazenagem e escoamento de GNL no Porto de Vila do Conde, em Barcarena, às margens da Baía de Marajó. Além de gerar energia para o SIN, a NFE vai fornecer gás para grandes consumidores locais que, atualmente, operam com diesel, viabilizando também a operação da distribuidora Gás do Pará.

UTE Novo Tempo Barcarena, parte do Complexo Barcarena, que vai fornecer energia para o SIN e gás para grandes consumidores (Foto: Divulgação/NFE)

Há ainda outros grandes projetos previstos para entrarem em operação no segundo semestre de 2026 que também podem ser antecipados, conforme autorização do CMSE. É o caso de Portocém I, também no Pará, e Azulão, no Amazonas, operados também a GN. Somente estas duas usinas colocarão no mercado mais 2 GW de energia elétrica. No total, o sistema da Aneel contabiliza 2.299 MW de potência nova termelétrica entrando no sistema nacional, 92% a gás natural. 

A UTE Portocém I deve operar em ciclo simples, com potência total de 1.571,9 MW oriunda de quatro turbogeradores de 392,97 MW. A fonte de energia primária será o gás natural proveniente do Terminal de Importação e Regaseificação de GNL, com capacidade de 15 milhões de m3/dia, da Centrais Elétricas Barcarena S.A. (CELBA I), pertencente à New Fortes Energy, e que já está em operação. O projeto demanda investimentos de R$ 5,4 bilhões.

O outro grande projeto que também pode ser antecipado conforme orientação do CMSE é a UTE Azulão. O Complexo Termelétrico Azulão 950 será formado por duas usinas: UTE Azulão I e UTE Azulão II. A UTE Azulão I será construída em ciclo simples, utilizando uma turbina a gás com capacidade de 360 MW. A UTE Azulão II, em ciclo combinado, terá uma turbina a gás natural de 360 MW e uma turbina a vapor de 230 MW. Ambas as usinas serão alimentadas pelo gás natural proveniente do Campo de Azulão, na Bacia do Amazonas.

Chegada da segunda turbina no Complexo Azulão 950, instalado em Silves (AM), que terá duas UTEs a gás com capacidade total de 950 MW (Foto: Eneva)

Em julho do ano passado, a Eneva recebeu a primeira turbina e a caldeira no canteiro de obras de Azulão, em Silves, no Amazonas. Dois meses depois, em setembro, chegou a segunda turbina e o gerador da termelétrica Azulão II. As duas usinas térmicas gerarão energia suficiente para abastecer 4 milhões de residências conectadas ao SIN.

Outro projeto expressivo previsto para o próximo ano é a UTE Manaus I, usina termelétrica com capacidade instalada de 163 MW. É uma planta de ciclo combinado que vai consumir cerca de 695 mil m3/dia de GN a ser fornecido pela Petrobras via gasoduto Urucu-Coari-Manaus, e distribuído localmente pela Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). É um investimento de pouco mais de R$ 1 bilhão.

Termelétrica Manaus I, em obras, vai adicionar capacidade de 163 MW ao sistema (Foto: Beatriz Aquino/Arsepam)

Novas plantas térmicas no Brasil nos próximos anos

2025 - 12 plantas – 2.912 MW

4 a biomassa (510 MW) e 8 fósseis (2.403 MW)

2026 - 8 plantas – 2.299 MW

4 a biomassa (175 MW) e 4 fósseis (2.124 MW)

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