
Revista Brasil Energia | Novos Modelos e Tecnologias em Energia
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Na Equatorial, a inovação no topo entre as prioridades
Iniciativas envolvem várias frentes, de clientes à recuperação de receitas, e uma governança que inclui um hub próprio de inovação, com parceiros externos

A área de distribuição do Grupo Equatorial tem sete concessões que somam R$ 31,8 bilhões em ativos e atendem 14,5 milhões de consumidores. Embora diversificada, a operação vem sendo consolidada por meio de várias iniciativas, entre elas o investimento em tecnologia.
Em conversa com a Brasil Energia, Sérgio Araújo (foto), superintendente de Inovação do grupo, destaca que quatro áreas consideradas estratégicas são priorizadas: clientes, eficiência operacional e segurança do trabalho, garantia da receita e transição energética.
Nesse processo, o executivo lembra que o EQT Lab, o hub de inovação da Equatorial, tem um papel crítico, ao mobilizar desenvolvedores, pesquisadores e engenheiros, conectando-se a startups, universidades e outros institutos. A meta é acelerar o desenvolvimento de projetos alinhados às necessidades de negócio.
Em relação aos clientes, Araújo adianta que o grupo já trabalha para um cenário de abertura do mercado de baixa tensão, considerando que os consumidores de energia devem ganhar mais poder de escolha.
“A Equatorial busca uma visão 360 graus do cliente, redesenhando jornadas e utilizando tecnologia para aprimorar o relacionamento”, resume.
Na prática, os exemplos incluem a disponibilização de novos canais digitais de contato, além de aplicativos e sistemas de CRM. Também é o caso do centro de monitoramento, que segundo ele, avalia em tempo real a experiência do usuário, um diferencial entre as distribuidoras.
Um dos projetos mais avançados, ainda sobre os clientes, envolve a implementação de câmeras com inteligência artificial (IA) nas agências físicas. O objetivo? Medir automaticamente o tempo de permanência e atendimento, gerando dados para otimização nessa área.
A IA também aparece para analisar milhões de minutos de chamadas do call center. “Ela transcreve e analisa o contexto das conversas, permitindo identificar, por exemplo, clientes agressivos ou atendimentos inadequados”, ressalta Araújo. A ferramenta faz uma “análise de sentimento”, detectando se o cliente entrou chateado e saiu satisfeito, ou vice-versa, fornecendo insights para treinamentos dos operadores de call center.
Na frente de eficiência operacional e segurança do trabalho, a otimização da rede e dos ativos é prioridade.
Novamente, a IA vem sendo usada para aumentar a resiliência da infraestrutura, principalmente com o aumento de eventos climáticos extremos. Nesse caso, os especialistas da Equatorial utilizam imagens de satélite de alta definição, combinados com IA, para medir a distância das árvores em relação aos fios, identificando os pontos de risco de toque.
O processo otimiza as ações de poda, direcionando as equipes para os locais exatos onde há necessidade de intervenção, prevenindo interrupções. O projeto foi iniciado no Maranhão e já mapeou a ilha de São Luís, onde está a capital do estado.
A concessionária tem ainda um modelo preditivo pronto para lidar com eventos extremos, que avalia as condições climáticas (usando dados de diversas fontes), estima o impacto esperado na rede (número de postes derrubados, por exemplo) e, em seguida, calcula a mobilização necessária de equipes (caminhões, eletricistas) para a recuperação em um prazo determinado.
“O algoritmo de IA usado pode recalcular a força de trabalho se o prazo de recuperação for alterado, otimizar a resposta esperada”, explica Araújo.
O grupo também investe no sistema de gestão avançado de distribuição (ADMS). De acordo com Araújo, seria o maior projeto no Brasil em implementação. Operacional em Alagoas e no Amapá, o ADMS permite a recuperação automática da rede por meio de várias funções. Hoje, o ADMS tem gerado uma redução histórica no indicador de Duração Equivalente de Interrupção (DEC) em Alagoas.
EQT Lab: projeto de coleta inteligente, que analisa perfil da dívida de clientes, já proporcionou ganhos de R$ 230 milhões em valor adicional ao caixa em 2024 (Foto: Divulgação/Equatorial)
O terceiro pilar estratégico para aplicação da inovação é o de garantia da receita, no qual o combate inteligente às perdas é um destaque. Um dos projetos envolve o uso de imagens de satélite e inteligência artificial com algoritmos próprios de visão computacional para identificar alvos clandestinos na rede. A IA cruza a presença de telhados ou piscinas com a ausência de rede ou medidores próximos, indicando possíveis ligações irregulares.
Este modelo alcançou uma precisão de 82% e já identificou 140 mil clientes clandestinos somente no Pará. O projeto tem revelado que as fraudes não se limitam às comunidades de baixa renda, com casos de clientes de alto poder aquisitivo entre os alvos.
A digitalização da fiscalização de perdas também tem contribuído para a melhoria da receita, com otimização de ações burocráticas como a assinatura do Termo de Ocorrência e Inspeção (TOI) pelos clientes autuados, por meio digital, a partir dos tablets dos fiscais de campo.
Um projeto especial é a coleta inteligente, que melhora as estratégias de cobrança, analisando 60 meses de comportamento e perfil de dívida dos clientes. “Este projeto trouxe um ganho de aproximadamente R$ 230 milhões em valor adicional ao caixa em 2024”, adianta o executivo da Equatorial.
Na quarta e última frente de aplicação de inovação - transição energética – o foco do grupo são projetos que estudam e fomentam novas tecnologias e que garantem a segurança energética.
No caso da mobilidade elétrica, a Equatorial construiu eletropostos e rotas elétricas com carregadores rápidos e gratuitos. Duas delas se destacam: a no Maranhão, com três eletropostos, e a Rota Mercosul no Rio Grande do Sul, com 10 eletropostos, que completa a conexão de rotas elétricas com os países do Mercosul.
Sistema antifraude do Grupo Equatorial, iniciativa de PD&I para combate a perdas e melhoria de receita (Foto: Divulgação/Equatorial)
As microrredes combinadas com armazenamento também fazem parte do escopo de transição, incluindo o caso referência brasileira do Centro de Lançamento de Alcântara (Maranhão), onde um sistema de microrrede com energia fotovoltaica e armazenamento supre a energia abastece a instalação da Aeronáutica.
Com uma redução de até 80% na conta da base e redundância total no fornecimento de energia, o projeto está sendo replicado na base de Anápolis (Goiás), que abriga os caças Gripen e protege Brasília, porém em uma escala duas vezes maior do que a microrrede de Alcântara.
Os valores aportados pelo grupo em tecnologia já totalizam quase R$ 600 milhões na operação e manutenção, considerados como investimentos de capital. Adicionalmente outros R$ 100 milhões foram aplicados em iniciativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).