Revista Brasil Energia | Rio Pipeline 2025

Investimentos em oleodutos podem chegar a R$ 29 bi, diz EPE

Em entrevista à Brasil Energia, diretora Heloísa Borges destaca novidades do Plano Indicativo de Oleodutos (PIO) e do Plano Nacional Integrado de Gás Natural e Biometano, para o qual vem conversando também com distribuidoras estaduais

Por Rosely Maximo

Compartilhe Facebook Instagram Twitter Linkedin Whatsapp

A malha dutoviária brasileira deverá ganhar novos projetos e ampliações relevantes nos próximos anos. Segundo a diretora da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges, os investimentos em oleodutos podem alcançar até R$ 29 bilhões, com foco em regiões de expansão da fronteira agrícola, como Centro-Oeste, São Paulo e Norte do Paraná.

Segundo Borges, a nova versão do Plano Indicativo de Oleodutos (PIO) traz propostas de duplicações em trechos já saturados, como o Osbra (São Paulo–Brasília), e a implantação de linhas dedicadas a produtos como querosene de aviação, além de novos projetos voltados para biocombustíveis, com dutos multiprodutos.

“Investir em oleodutos pode parecer um contrassenso em plena transição energética, mas substitui caminhões a diesel e reduz emissões. É uma forma concreta de contribuir para a descarbonização”, afirmou, ressaltando que o transporte rodoviário é responsável por mais de 50% das emissões do setor de cargas.

“Hoje gastamos diesel para levar diesel e etanol. Com a interiorização da economia, a demanda cresce, e precisamos de soluções mais eficientes”, acrescentou a diretora. Segundo Borges, o PIO faz uma análise que inclui a intermodalidade logística, considerando a possibilidade de integração da malha dutoviária com ferrovias e hidrovias.

Plano Nacional Integrado de Infraestruturas de Gás Natural e Biometano

Além do PIO, a EPE avança na elaboração do Plano Nacional Integrado de Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGB), que será colocado em consulta pública ainda em setembro. Diferente dos planos indicativos –  PIG, de gasodutos, PIPE, de infraestrutura de processamento e escoamento, PITER, de terminais, e PIO – o documento terá horizonte fixo, decenal, e caráter mais executivo, servindo de base para decisões regulatórias da ANP.

A ideia é publicar o plano a cada dois anos. “A partir desse ano, a gente publica o Plano Nacional Integrado nos anos ímpares, e a nossa tradicional família do P nos anos pares”.  Com o PNIIGB, o investidor que busca autorização para construção de um gasoduto junto à ANP não vai precisar consultar a EPE se o projeto estiver no plano, como determina o decreto do Gás para Empregar.

Borges destaca a construção coletiva do novo documento, que envolveu nota metodológica, consulta pública e chamada para contribuições de mercado. O objetivo, segundo ela, é garantir que o documento seja efetivamente utilizado por formuladores de políticas e agentes privados, e não apenas mais uma publicação técnica.

A integração com estados e distribuidoras locais de gás também entra no radar. A EPE vem estreitando parceria com a Abar (Associação Brasileira de Agências Reguladoras) e recebeu demandas de distribuidoras para considerar a malha de distribuição nos estudos nacionais. “Essa harmonização regulatória é fundamental para expandir o mercado. É um trabalho grande, mas que precisa ser feito em conjunto”, afirma.

A agenda de integração energética latino-americana, em especial com a Argentina, também aparece como prioridade. Projetos binacionais de infraestrutura exigem coordenação regulatória e sincronização de investimentos. “Não basta o Brasil construir do seu lado se o vizinho não tiver estrutura correspondente”, observa Borges.

Para a diretora, os desafios — que passam por financiamento, clareza regulatória e maturidade dos projetos — estão sendo superados gradualmente. Mais do que indicar obras, o esforço da EPE busca oferecer uma visão integrada, conectando oferta e demanda de gás, petróleo e biocombustíveis, diferentes modais de transporte e esferas de governo. “Ninguém faz nada sozinho. É na colaboração entre EPE, ANP, ministérios, agências estaduais, empresas e sociedade que vamos avançar”, conclui.

Assista a entrevista na íntegra:

Veja outras notícias sobre rio pipeline 2025

Últimas