Revista Brasil Energia | Rio Pipeline 2025

TBG avança com ML e prospecta novos suprimentos de gás

Presidente da transportadora, Jorge Hijjar, detalha alternativas para substituir a queda da oferta boliviana, os investimentos necessários para viabilizar a entrada do gás argentino, a expansão do mercado livre e o impacto das disputas regulatórias

Por Rosely Maximo

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Jorge Hijjar, Diretor-Presidente da TBG (Foto: Divulgação)

Com o declínio da oferta boliviana de gás natural já no horizonte, a TBG acelera a busca por novas rotas de suprimento. À frente da companhia, o diretor-presidente Jorge Hijjar explica, em entrevista à Brasil Energia, que a diversificação de novas fontes de suprimento inclui o aproveitamento de novos volumes do pré-sal, de biometano que ganha escala em vários estados por onde o Gasbol atravessa e as oportunidades abertas pelo gás argentino.

Ele considera que a alternativa mais simples é a continuidade do fluxo de entrada em Corumbá, com gás de Vaca Muerta, tida como uma das maiores reservas de gás não convencional do mundo. “Nesse caso, a TBG não precisará investir. O desafio está na Argentina, que teria de realizar obras relevantes para garantir regularidade no transporte até a fronteira boliviana, evitando a intermitência atual”, diz.

Outra possibilidade é o gás argentino entrar no Brasil em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, o que exigiria, além da construção de um gasoduto de mais de 600km até Porto Alegre, investimentos da TBG para reverter o fluxo até São Paulo. Essa alternativa, porém, encarece a componente transporte no custo final, onde o alvo principal é o mercado paulista. “Receber gás pelo Sul é viável, mas envolve um custo maior, que só se justifica se o preço final ainda for competitivo para o consumidor”, avalia Hijjar.

Há ainda a opção do GNL. A Argentina já decidiu investir em uma unidade de liquefação em Rio Negro. Nesse cenário, o combustível poderia chegar ao Brasil com vantagem logística, descarregando em Santa Catarina, onde já está pronto o terminal de GNL da NFE, com capacidade para escoar até 15 milhões de m³/dia. “O frete até o Brasil é muito mais barato do que para a Europa ou a Ásia. Isso pode colocar nosso mercado em posição estratégica”, afirma.

Enquanto essas negociações avançam, Hijjar revela que só neste ano a TBG firmou cerca de 500 contratos, a maioria de curto prazo, mas reforça que a companhia conta com contratos firmes até 2028. E que 10 dos 30 carregadores registrados estão operando. “Hoje temos cerca de sete consumidores livres contratando capacidade em nossa malha, algo que era inexistente no passado. Isso só foi possível pela flexibilização regulatória e pelo modelo de entrada e saída”, explica.

Mas é justamente no campo regulatório que está um dos principais focos de tensão do setor. Além da revisão tarifária em curso, a disputa sobre a classificação de gasodutos — se pertencem ao transporte ou à distribuição — tem provocado impasses entre agentes. O caso mais emblemático é o do gasoduto Subida da Serra, em São Paulo, situado na área de concessão da Comgás.

“Apesar de estar dentro da área de concessão estadual, trata-se claramente de um gasoduto de transporte, como reconheceu a própria resolução regulatória do estado que o autorizou”, afirma Hijjar. Para ele, permitir que dutos com características de transporte sejam tratados como de distribuição seria um retrocesso. “O transporte é um condomínio. Quanto mais agentes entram, menor a tarifa para todos. Se reduzirmos esse condomínio para atender a um estado, prejudicamos o país inteiro.”

O executivo ressalta que a abertura do mercado de gás brasileiro foi inspirada no modelo europeu e precisa ser consolidada com regras claras. “O que defendemos, na TBG e na ATGás, é que se faça o correto: separar com nitidez transporte e distribuição, sempre olhando o Brasil como um todo. A regulação não pode privilegiar um elo ou um estado em detrimento da competitividade nacional.”

Apesar das incertezas, Hijjar vê o país em posição privilegiada: “O Brasil terá volumes (crescentes) do pré-sal, pode contar com gás argentino e já tem infraestrutura para GNL. Essa pluralidade de fontes é a base para segurança de suprimento e preços mais competitivos. Mas isso só acontece se houver competição real — e o transporte é quem garante esse marketplace de ofertas para o consumidor.”

Assista à entrevista na íntegra:

Acompanhe a cobertura especial da Rio Pipeline na Brasil Energia: https://brasilenergia.com.br/cobertura/rio-pipeline-2025

 

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